Uiá!!

"Nascidos, nós choramos por chegar a esse palco de tolos". Shakespeare, Rei Lear.

Nome:
Local: Londrina, Paraná, Brazil

2.10.06

Transformai-vos, impúdicos seres!

Bom, por requerimento, tentarei versar sobre a festa sob mencionada nos comentários retro, à qual, carinhosamente, alcunhamos de "METAMORFOSE".
Antes de mais nada, faz-se mister agradecer àqueles que comentaram e dizer ao "você sabe quem é porra", que eu não sei quem você é. Ou seja, tô nem ai procê (hahahah).
Vamos lá. Preliminarmente, devo esclarecer aos incautos leitores desta alcova do que se trata esta augusta festa supra mencionada.
A "METAMORFOSE" é considerada a maior festa de fantasia do Brasil, quiçá da América Latina. Corre um boato geral de que ela é considerada a maior do mundo, mas penso que isso seja só propaganda que tem o intuito de chamar cada vez mais pessoas e assim, quem sabe, um dia torná-la, efetivamente, a maior festa a fantasia do mundo.
Talvez, como o próprio rótulo da festa já diga, ocorra uma transformação dos que à ele resolvem ir; talvez aconteça uma mutação estrutural no cerne pessoal de cada um e a partir disso esses comecem a soltar o seu alter ego ou um eu, quem sabe, mais verdadeiro do ponto de vista animal, "hence" o nome dado.
Feitas essas pequenas considerações acerca da festa e do nome, tergiversemos para o ponto central do texto ora escrito que é relatar a festa sucedida este ano - 2006 - que foi muito bacana.
Tudo começou quando eu, em algum lugar, em alguma terra distante que não Londrina, relatava para meus incautos e ingênuos amigos a maravilha que é esta celeuma. Contava da minha primeira "METAMORFOSE" quando bebi muito da poção mágica, como era de se esperar passei mal e acabei, sem querer, vagando pela trilha do estacionamento atrás de duas pessoas, entrei no seu carro para depois descobrir que não eram meus amigos. Não obstante isso, me diverti deveras, em especial na fila de carros que se formou até a entrada para o estacionamento.
Aí, ditada a história, um caro amigo meu resolveu vir na Metamorfose do ano passado - 2005 -, que correu sem nenhum problema. O suco fora tomada na medida exata do recomendável e todos fomos para nossas respectivas casas se gabando de tudo que lá ocorrera.
Chega esse ano. Um que deveria estupendo, onírico quiçá; ano no qual deveríamos se gabar mais do que os anos póstumos; ano no qual convidei mais um amigo, além do que havia vindo no ano retro, amigo que era irmão presente e constante e hoje ainda o é; mas devido a inafável e impostergável distância que tem o condão de atenuar laços, o é mais tenuamente. Mas que não foi.
Estavámos os cinco aqui em casa, em Londrina, felizes da vida, preparando-nos para uma festa de arromba, nos endeusando com a fórmula encantada - chamada tão belamente de "Catuába" -, nunca antevendo a catástrofe do sobejo que à nossa face pousava - digo isso em relação a mim -, e saímos, acreditando cegamente na força de nossa espada, crendo que seríamos vitoriosos em mais uma batalha; que, tal qual o ano passado, nos vangloriaríamos de nossos feitos e nos regozijaríamos do pretérito com saudosismo saudável, contando nossas proezas para outros que, tocados pelos relatos emocionados(antes) e idílicos da nossa experiência quereriam juntar-se a nós, tal qual cruzados, ou mesmo bandeirantes para não precisarmos ir tão longe.
Entretanto, para mim, não foi essa a história contada. Nas frases de um colega meu: "Queimei a largada". Ou seja, me excedi bebendo o suco e adormeci entorpecido pelo efeito nocivo do demasiado. Quanto aos meus caros, sei que aproveitaram, divertindo-se com as fantasias dos outros e com suas próprias e utilizando-se da situação para angariar alguns beijos apaixonados entre outras coisas mais, que a decência não me permite contar.
A festa deste ano, para mim, não passou de uma noite passada no interior de um carro, sonhando, utopicamente, com uma festa feliz e divertida, aproveitada com caros e ternos amigos meus, da qual, ulteriormente, extrairíamos os mais jocosos e sádios contos, passados para amigos e amigos, aumentando, por fim, o número de bandeirantes para desbravar a densa selva humana da "TRANSFORMAÇÂO".
O sonho, por ora, não concretizou-se; a esperança, perfídia do acontecido, ainda vive; a visita, aguardada com jovialidade, confia-se, repetir-se-á; e a história, tão desejada, tão quimérica, tão onírica, por fim aconteceu.
Para tornar este relato o mais fiel possível ao que para mim foi a festa deste ano, devo asseverar que enquanto eu dormia, meus amigos faziam sabe-se lá o que. Passadas algumas horas de sonho, acordam-me, clamando para irmos embora. Fomos, pensando estar tudo bem, entretanto, chegando perto de casa lembramo-nos que o único que possuía a chave de casa era o colega que havia ficado para trás pois não havia sido encontrado.
Destarte, tivemos que, os quatro restantes, dormir no corredor do prédio, em frente a porta, enquanto aguardávamos a chegada do nosso Dom Pedro I, libertando-nos do calvário alto aplicado, mostrando-nos um mundo novo de lençóis, cama, travesseiro e edredon, outorgando-nos, então, nossa merecida paz e descanço.
Após a mutação ocorrida, que durou poucas horas, era necessário um pouco de repouso para encontrarmos de novo o nosso eu respectivo e, em paz conosco, enfretarmos as bravatas do mundo hostil e das histórias e estórias contadas e recontadas pelos bravos e argutos cruzados, sobreviventes da luta contra um inimigo invisível e impiedoso: a porra daquela CATUÁBA. Ahhh pra puta que o pariu!