Eu não sei
Em verdade, eu não sei porquê postar isso aqui, vez que não há ninguém que leia mais isso, mas, acho que eu preciso compartilhar e, como esse é o meio que possuo, eí-lo:
O céu é uma menina moça;
mergulha criança, matura o véu da inocência,
esconde a demência;
(des)prende em toda gente o medo;
e a lua, maestra, e os brilhos no azul-escuro-quase-preto, arautos;
e as melodias que criam, com o farfalhar da relva,
pr'os loucos (apaixonados), o tom que (en)canta, desapercebidamente.
O céu é uma moça menina louca;
descolore a tinta, pinta o breu,
cobre, o manto negro cintilante, os defeitos; as qualidades
outrora percebíveis, cedem à tentação do desconhecido,
ao gosto do que, enquanto ignoto, agasalha a vontade;
volúpia ardente do concupiscente desejo de que, a noite, posto moça,
traga o afago que acalma; a lisonja que mora e morre por dentro; que goza
e adormece qual imberbe, com a face no seio sujeito alheio.
O céu é uma louca moçoila ardente, quase deprimente;
percebe e cede à quimera; cria e mata a ilusão, a utopia;
porquanto clama o beijo, revida com o escarro, com o gosto acre do não;
daquilo que parece ser palatável e não é, do que figura perto e é longe;
do que parece amigo e é contendor, do que parece anjo e é verdugo;
enquanto peleja, se aplaina na vasta solidão ébria de seus filhos e amantes;
e da mesma forma tresloucada, reclama pra si os párias, os esquecidos;
àqueles dos quais nada se espera, na saia dá abrigo, e no conforto acha o gosto;
e, enquanto noite, aguarda e procura o aquele que quer, seja belo,
seja feio, seja a imagem exata e disforme do desejo;
quando o acha, cala e nada mais, na precipitação do porvir.
O céu é uma criança menina sorridente, quase inconseqüente;
tão logo o almíscar posterior ao ocaso da lua, defronte lhe mostra o brilho, o escuro cede;
ao lume faz reverência e reverencia o enredo redobrado, alvissareiro, do canto mudo da infâmia,
posto que, enquanto nostálgica e onírica, a quimera tem mais de aleive e perfídia que de corcéis brancos e princesas (príncipes) loiras (loiros); tem mais de golfada, de borbotão borrado, que de beijo apaixonado;
e, na convalescência de seus boêmios, qual graça de infante, ri da aurora;
tal qual neném, grassa, do fruto nascente ao pútrido fechar de olhos, até o suspiro final do prólogo, que anuncia o futuro esquecido etilicamente e o pretérito lembrado de forma incoerente, ou o futuro no lugar do pretérito e vice-versa;
que transmuta em calvário a noite, vez que a pintura que pende é quadro em branco, com moldura e sem tinta;
é observadora das idiossincrasias e vicissitudes aqui estampadas;
a figura no espelho, enquanto feliz e inebriada pelo que (ou não) aconteceu, tem, no âmago, a marca indelével do escárnio próprio, sorvendo, aos mínimos goles, a incúria do acontecido;
e, enquanto personagem de si mesmo, dá vida ao de trás da máscara, que, entrementes o primeiro parágrafo não se repete, é quem dá as rédeas;
nessa ciranda perene é que se perde o belo som e tom de ser humano para se ser “jovem”; como se o céu, menina moça louca ardente deprimente, só desse colo a quem, sendo este, esquece aquele; a quem se junta à turba e, misturando-se ao todo, perde aquilo que é.
perde-se, aí, a possibilidade de olhar para cima e se ver que o céu é uma menina moça, jocosa e singela; é uma moça menina louca, brilhante e bela; é uma louca moçoila ardente, quase deprimente, voluptuosa e chorona; é, por fim, uma criança menina sorridente, quase inconseqüente, risonha e impávida.
perde-se, aí, a beleza velada da vida, aquela que caminha nas entrelinhas e é mil vezes mais gentil que a carícia efêmera de amores frívolos esquecidos no vindouro; ao revés, aquela é sempiterna, pois pertence à quem a descobre e a carrega; a quem abre os olhos para além mar desse oceano de mesmices.
Se alguém ler, tá aí; se não, pelo menos público (em teoria), está.
3 Comments:
Gostei...=)
É meio confuso, requer atenção e rererereleituras, mas é bom!
Complexo, inchado e interessante!
Tenho as minhas partes favoritas... o escritor é uma delas
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