Uiá!!

"Nascidos, nós choramos por chegar a esse palco de tolos". Shakespeare, Rei Lear.

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Local: Londrina, Paraná, Brazil

20.5.11

Eu não sei

Em verdade, eu não sei porquê postar isso aqui, vez que não há ninguém que leia mais isso, mas, acho que eu preciso compartilhar e, como esse é o meio que possuo, eí-lo:


O céu é uma menina moça;
mergulha criança, matura o véu da inocência,
esconde a demência;
(des)prende em toda gente o medo;
e a lua, maestra, e os brilhos no azul-escuro-quase-preto, arautos;
e as melodias que criam, com o farfalhar da relva,
pr'os loucos (apaixonados), o tom que (en)canta, desapercebidamente.

O céu é uma moça menina louca;
descolore a tinta, pinta o breu,
cobre, o manto negro cintilante, os defeitos; as qualidades
outrora percebíveis, cedem à tentação do desconhecido,
ao gosto do que, enquanto ignoto, agasalha a vontade;
volúpia ardente do concupiscente desejo de que, a noite, posto moça,
traga o afago que acalma; a lisonja que mora e morre por dentro; que goza
e adormece qual imberbe, com a face no seio sujeito alheio.

O céu é uma louca moçoila ardente, quase deprimente;
percebe e cede à quimera; cria e mata a ilusão, a utopia;
porquanto clama o beijo, revida com o escarro, com o gosto acre do não;
daquilo que parece ser palatável e não é, do que figura perto e é longe;
do que parece amigo e é contendor, do que parece anjo e é verdugo;
enquanto peleja, se aplaina na vasta solidão ébria de seus filhos e amantes;
e da mesma forma tresloucada, reclama pra si os párias, os esquecidos;
àqueles dos quais nada se espera, na saia dá abrigo, e no conforto acha o gosto;
e, enquanto noite, aguarda e procura o aquele que quer, seja belo,
seja feio, seja a imagem exata e disforme do desejo;
quando o acha, cala e nada mais, na precipitação do porvir.

O céu é uma criança menina sorridente, quase inconseqüente;
tão logo o almíscar posterior ao ocaso da lua, defronte lhe mostra o brilho, o escuro cede;
ao lume faz reverência e reverencia o enredo redobrado, alvissareiro, do canto mudo da infâmia,
posto que, enquanto nostálgica e onírica, a quimera tem mais de aleive e perfídia que de corcéis brancos e princesas (príncipes) loiras (loiros); tem mais de golfada, de borbotão borrado, que de beijo apaixonado;
e, na convalescência de seus boêmios, qual graça de infante, ri da aurora;
tal qual neném, grassa, do fruto nascente ao pútrido fechar de olhos, até o suspiro final do prólogo, que anuncia o futuro esquecido etilicamente e o pretérito lembrado de forma incoerente, ou o futuro no lugar do pretérito e vice-versa;
que transmuta em calvário a noite, vez que a pintura que pende é quadro em branco, com moldura e sem tinta;
é observadora das idiossincrasias e vicissitudes aqui estampadas;
a figura no espelho, enquanto feliz e inebriada pelo que (ou não) aconteceu, tem, no âmago, a marca indelével do escárnio próprio, sorvendo, aos mínimos goles, a incúria do acontecido;
e, enquanto personagem de si mesmo, dá vida ao de trás da máscara, que, entrementes o primeiro parágrafo não se repete, é quem dá as rédeas;
nessa ciranda perene é que se perde o belo som e tom de ser humano para se ser “jovem”; como se o céu, menina moça louca ardente deprimente, só desse colo a quem, sendo este, esquece aquele; a quem se junta à turba e, misturando-se ao todo, perde aquilo que é.
perde-se, aí, a possibilidade de olhar para cima e se ver que o céu é uma menina moça, jocosa e singela; é uma moça menina louca, brilhante e bela; é uma louca moçoila ardente, quase deprimente, voluptuosa e chorona; é, por fim, uma criança menina sorridente, quase inconseqüente, risonha e impávida.
perde-se, aí, a beleza velada da vida, aquela que caminha nas entrelinhas e é mil vezes mais gentil que a carícia efêmera de amores frívolos esquecidos no vindouro; ao revés, aquela é sempiterna, pois pertence à quem a descobre e a carrega; a quem abre os olhos para além mar desse oceano de mesmices.

Se alguém ler, tá aí; se não, pelo menos público (em teoria), está.

3 Comments:

Anonymous Stephanie Nakamura said...

Gostei...=)

8:49 PM  
Blogger Marcelo Knakiewicz said...

É meio confuso, requer atenção e rererereleituras, mas é bom!

Complexo, inchado e interessante!

3:34 PM  
Anonymous Viviane Gomed said...

Tenho as minhas partes favoritas... o escritor é uma delas

10:44 PM  

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