Uiá!!

"Nascidos, nós choramos por chegar a esse palco de tolos". Shakespeare, Rei Lear.

Nome:
Local: Londrina, Paraná, Brazil

16.9.08

Valide: Infinita

Ultimamente tenho entrado em muitos blogs e, consequentemente, lido tudo aquilo que as pessoas que os escrevem acham digno de ser postado. Daí advêm duas conclusões: há uma gama muito grande de assuntos que aos quais os membros do mundo anárquico-virtual alcunham como "interessantes"; e é rogizijante poder ver que há muita qualidade espalhada pela internet.
Há vozes que bradam que a abertura de uma ferramenta que possibilita a todos a elucubração de suas idéias e devaneios tende a nivelar por baixo o nível intelectual do meio e, como corolário, deixar muita gente boa sem o devido reconhecimento e sem o recolhimento dos louros pela sua brilhante atuação como "escritor de blog".
Não há nada mais democrático e, convenhamos, bacana mesmo!, do que ver, ler, "ouvir" e entender os outros; estar atento ao que dizem, como e porquê dizem; abrir as janelas da mente para idéias antagônicas às suas e, quicá, refletir e mudar de idéia.
Tenho notado, com uma frequência maior do que desejaria, de que quando se trava uma celeuma intelectual ou uma altercação qualquer não existe propriamente uma reflexão, uma discussão; a retórica e a dialética; a aplicação da lógica, da filosofia e da argumentação para convencer o outro inexistem. O que ocorre é uma afirmação de teorias contrárias por partes em lados opostos, sem o devido e necessário pensar com os argumentos que o outro lhe traz; e, nessa mesma esteira e como consequência dessa primeira premissa, aqueles que acreditam em um outro ideal se juntam e em coro e em uníssono passam a clamar a superioridade da sua teoria sobre a dos seus inimigos intelectuais.
Existem casos nos quais se afirma, com uma certa audácia, petulância e prepotência, que se se pensasse verdadeiramente a única conclusão possível seria aquela defendida pelos arautos do ideal "x" ou "y"; e não se percebe o sofisma sobre o qual se apóia essa afirmação. Ora, a premissa aqui é a de que se deve pensar e que o pensar crítico terá como conclusão a teoria pela qual se batalha. Contudo, a lógica que serve de suporte para tanto é falha; coloca-se a conclusão antes da premissa e se subsume a premissa a esta.
Esse tipo de raciocínio caminha no sentido da estagnação intelectual e de uma sociedade com moldes conservadores ao extremo; porque se admitindo isso como verdade, sempre qualquer pensar deverá ser concluido no sentido da idéia dominante, entendida como tal por aqueles que pensam. Como bem se percebe não há aqui espaço para o raciocínio em contrário, posto que todos que pensam devem concluir assim, e eis que exsurge desse pensamento uma cabal paralisação, primeiramente do pensar per si, e em seguida da vontade de pensar. É possível se enxergar isso em ótimos romances de Aldous Huxley e George Orwell.
E eis que, tergiversando, pode-se dizer que, cara, a internet e a maneira pela qual ela possibilitou a todos indistintamente a possibilidade de manifestar o que lhe disturba e os alegra e mais infinitas possibilidades dentro de uma gama infinta de assuntos é sobremaneira salutar.
Por mais que por vezes topemos com assuntos desagradáveis ou piadas que podemos considerar impróprias, é preferível centenas de milhares de vezes mais esse cenário do que a impossibilidade de pensar e se manifestar; mil vezes alguns ocasionais sítios oprobriosos que uma mordaça eterna que cala a mente.

P.S. O título se refere ao fato de eu pensar que havia um período no qual o blogger mantinha o site sem postagens até apagar, pode ser que sim, pode ser que não; por enquanto não.
Ahh sim, e mais ver até leitores lidos.

1 Comments:

Blogger Mademoiselle D. said...

quantas palavras dificeis Ale...
hehhe
mas mesmo assim adorei o post
e concordo....as pessoas usam seus blogs de muitas maneiras....as vezes como diário virtual.
as vezes como um lugar onde apontam suas preocupações e tudo o mais....
adorei
beijos

10:17 PM  

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